quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Psicologia Escolar



O homem vive em sociedade. É no convívio com outros seres humanos que ele desenvolve habilidades motoras, de comunicação, etc. a Psicologia investiga as modificações que ocorrem na relação do indivíduo com o mundo no que diz respeito aos aspectos cognitivos, emocionais, afetivos, etc. e precisa do apoio de outras ciências para a realização dessa tarefa.

Antes de apresentarmos as concepções propostas no título deste tópico, algumas definições são importantes. Vamos a elas.

Desenvolvimento: é o processo pelo qual o indivíduo constrói ativamente suas características, nas relações que estabelece com o ambiente físico e social. A Psicologia do Desenvolvimento investiga como nascem e se desenvolvem as funções psicológicas que diferenciam o homem de outras espécies.

Aprendizagem: processo pelo qual se apreende o conhecimento historicamente construído pela humanidade, mais especificamente o determinado pelo grupo social do qual faz parte. A Psicologia da Aprendizagem estuda o processo pelo qual as formas de pensar e os conhecimentos são apropriados pelas pessoas.

Educação: a educação já acontece, de modo espontâneo, antes de a criança chegar à escola. Há uma série de noções e de conceitos que já se encontram estabelecidos antes da escola. No entanto, a escola é a instituição responsável por selecionar e organizar o conhecimento que será compartilhado. Daí a importância de a Psicologia colocar à disposição seu conhecimento acerca das bases do desenvolvimento e da aprendizagem


Concepção Inatista

Esta concepção entende que os organismos já nascem prontos: todas as modificações que acontecerão ao longo da vida já estão definidas e determinadas pelos genes. Isso parece decorrer de uma má interpretação da teoria da evolução de Darwin, que acabou colocando o ambiente em segundo plano. Na verdade, o ambiente tem papel fundamental na determinação da vida dos sujeitos e em seu percurso. Isso é diferente de afirmar que características alteradas ao longo da vida serão transmitidas geneticamente aos descendentes. De acordo com a concepção inatista, a educação só teria o papel de acompanhar as pessoas – que já estão prontas, geneticamente predispostas – ao longo de seu desenvolvimento e interferir o mínimo possível nesse processo espontâneo. Apesar de parecer retrógrada, uma proposta defendida por um dos candidatos à prefeitura da cidade de São Paulo no ano de 2012 consistia em identificar potenciais criminosos e usuários de drogas dentro das escolas como medida preventiva à violência. Essa proposta, ao que parece, já que não se tem dados detalhados sobre como seria a identificação precoce, provavelmente consistiria em algum tipo de avaliação (da personalidade? Do comportamento?) que identificaria uma suposta predisposição ao crime e ao uso de drogas. Sabe-se da intensa crítica que a Psicologia tem feito a esses modelos interventivos que só reforçam o preconceito e o estigma que recaem sobre uma parcela da população.







Concepção Ambientalista

De acordo com esta concepção, o ambiente tem imenso poder e controle sobre os sujeitos. A origem desse tipo de pensamento está nas concepções de Watson e Skinner, autores do Behaviorismo, bastante difundido nos Estados Unidos. De maneira contrária à concepção apresentada anteriormente, aqui o papel do ambiente é muito mais importante que a maturação biológica. A principal crítica a essa concepção é a de ela ter estimulado um tipo de educação que privilegia métodos, fórmulas e passo-a-passo do ensino, dando menos atenção ao processo de raciocínio do aluno diante de uma situação de aprendizagem. É importante dizer que essa visão enfatiza o objeto de estudo – o comportamento – em relação ao sujeito, o que não quer dizer que ela desconsidera o sujeito.

As duas concepções apresentadas dissociam objeto e sujeito, apresentando uma visão dualista de desenvolvimento. O interacionismo, próxima concepção apresentada, tenta apresentar uma alternativa.







Concepção Interacionista

Para esta abordagem, o ambiente tem um papel determinante como estimulador do desenvolvimento, bem como o indivíduo é visto como um ser ativo e atuante nas situações que determinam suas aprendizagens. O mundo interno (subjetividade) não existe sem o mundo externo (meio) e vice-versa. Esta concepção engloba as duas anteriores e as ultrapassa ao considerar, além dos princípios inatistas e comportamentalistas, uma área de intersecção entre eles. A construção do conhecimento depende da interação entre forças internas e externas ao indivíduo numa dinâmica constante e dialética que o leva a transformar o mundo e a si mesmo.




Fonte: Ambiente Virtual de Aprendizagem - Universidade Nove De Julho

Boa Noite Queridos Leitores

Boa Noite, por motivos pessoais tive que me ausentar por um tempo da pagina  mais estou de volta e esporadicamente vou postar artigos,textos e discussões sobre esta ciência fantástica que é a Psicologia, desmitificando assim a ideia sobre a mesma do ponto de vista  do senso comum ,o intuito da pagina é ajudar leitores
interessados e iniciantes de Psicologia assim como veteranos do curso e formados que desejam rever alguns conceitos, agradeço desde já a preferência e boa leitura.

Texto Reflexo Condicionado

O que é o Reflexo Condicionado

Júlio Rocha do Amaral e  Renato M.E. Sabbatini, PhD

No final do século XIX e no início do século XX, um fisiologista russo chamado Ivan Pavlov (1849-1936), ao estudar a fisiologia do sistema gastrointestinal, fez uma das grandes descobertas científicas da atualidade: o reflexo condicionado. Foi uma das primeiras abordagens realmente objetivas e científicas ao estudo da aprendizagem, principalmente porque forneceu um modelo que podia ser verificado e explorado de inúmeras maneiras, usando a metodologia da fisiologia. Pavlov inaugurava, assim, a psicologia científica, acoplando-a à neurofisiologia. Por seus trabalhos, recebeu o prêmio Nobel concedido na área de Medicina e Fisiologia em 1904. 
  
  
  
  
  
  
 

Ilustração: Renato M. E. Sabbatini
A experiência clássica de Pavlov é aquela do cão, a campainha e a salivação à vista de um pedaço de carne. Sempre que apresentamos ao cão um pedaço de carne, a visão da carne e sua olfação provocam salivação no animal. Se tocarmos uma campainha, qual o efeito sobre o animal? uma reação de orientação. Ele simplesmente olha, vira a cabeça para ver de onde vem aquele estímulo sonoro. Se tocarmos a campainha e em seguida mostrarmos a carne, dando-a ao cão, e fizermos isso repetidamente, depois de certo número de vezes o simples tocar da campainha provoca salivação no animal, preparando o seu aparelho digestivo para receber a carne. A campainha torna-se um sinal da carne que virá depois. Todo o organismo do animal reage como se a carne já estivesse presente, com salivação, secreção digestiva, motricidade digestiva etc. Um estímulo que nada tem a ver com a alimentação, meramente sonoro, passa a ser capaz de provocar modificações digestivas. 
Para que surja um reflexo condicionado é preciso que existam certas condições: 
 
  1. coexistência no tempo, várias vezes repetida, entre o agente indiferente e o estímulo incondicionado (no caso, o som da campainha e a apresentação da carne);
  2. o agente indiferente deve preceder em pouco tempo o estímulo incondicionado. Se dermos a carne primeiro e tocarmos a campainha depois, a reação condicionada não se estabelece;
  3. inexistência naquele momento de outros estímulos que possam provocar inibição de causa externa. Se simultaneamente damos uma chicotada no animal ou lhe jogamos água gelada, provocamos inibição, desencadeando reação de defesa no animal;
  4. para que o reflexo condicionado se mantenha, é necessário que periodicamente o reforcemos. Uma vez que o reflexo se formou, o mero som da campainha substitui a apresentação da carne. Mas, se tocarmos repetidamente a campainha e não mais apresentarmos a carne, depois de um certo número de vezes o animal deixa de reagir com salivação e secreção digestiva.

Como Funciona o Reflexo Condicionado

Estímulo -------> Resposta Estímulo Indiferente + Estímulo Incondicionado (apresentação da carne) ---------> Resposta Incondicionada 
Estímulo Indiferente --------> Resposta Condicionada
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Explicando melhor: um estímulo indiferente, combinado com um estímulo capaz de ativar um reflexo incondicionado, gera uma resposta incondicionada e, depois de algum tempo, o estímulo indiferente, por si só, é capaz de provocar resposta que pode, então, ser considerada como condicionada. Esses estímulos indiferentes podem vir tanto do meio externo (estímulos sonoros, luminosos, olfativos, táteis, térmicos) como do meio interno (vísceras, ossos, articulações).
As respostas condicionadas podem ser motoras, secretoras ou neurovegetativas. Podem pois, ser condicionadas reações voluntárias ou reações vegetativas involuntárias. Podemos fazer com que respostas involuntárias apareçam de acordo com a nossa vontade, se usarmos o condicionamento adequado. As respostas condicionadas podem ser excitadoras (com aumento de função) ou inibidoras (com diminuição de função).
Existem diversos exemplos de como se pode modificar, através do condicionamento, a fisiologia do animal e do ser humano. Citaremos apenas alguns, para, a partir deles, procurar compreender o que poderia ocorrer no momento do efeito placebo.
A Modificação da Fisiologia Através do Condicionamento
Pavlov e seus seguidores logo perceberam que o condicionamento era muito poderoso no sentido de alterar funções orgânicas. Diversos experimentos comprovaram isso, e abriram um enorme campo de estudos, com muitas conseqüências para a aplicação clínica em seres humanos.
Por exemplo, coloca-se uma sonda retal em um cão e faz-se um enema salino (injeção de água salgada). A presença daquele soluto dentro do intestino provoca, ao fim de algum tempo, aumento da diurese (excreção renal de água) para restabelecer o equilíbrio hidroeletrolítico. Depois de algumas sessões de administração de enema salino através da sonda retal, a mera introdução da sonda retal, sem enema, também provoca aumento da diurese.
Da mesma maneira, se antes de aplicar injeção de insulina em um cão, faz-se com que ele ouça sempre um assobio, a hipoglicemia que surge em decorrência da ação da insulina passará a surgir, depois de algum tempo, pela simples audição do assobio. O metabolismo do animal alterou-se, passando a responder com hipoglicemia a um estímulo sonoro que nada tem a ver, em condições normais, com o metabolismo dos glicídios.

O Sistema Nervoso Central e os Reflexos Conditionados

Finalmente, através do que ficou conhecido como a "Teoria Pavloviana da Atividade Nervosa Superior", Pavlov e seus discípulos foram os primeiros pesquisadores a integrar os estudos da psicologia do aprendizado com a análise experimental da função cerebral. Eles mostraram que os reflexos condicionados se originam no córtex cerebral, o qual, segundo as palavras de Pavlov, "é o distribuidor primário e organizador de toda as atividades do organismo". Ao longo de vários anos, ele e seus discípulos chegaram às leis básicas que governam a operação do córtex cerebral no aprendizado condicionado. 
 

Para Saber Mais